Apenas mais uma de amor
O quibe esfriava na mão quieta. Os olhos, perdidos, estavam na direção do mar, mas nada viam; um pouco por desinteresse, mais, na verdade por ser noite. Sentado numa das mesinhas do bar, ele deixava o tempo passar. O cantor desfilava seu repertório de dor-de-cotovelo que se parecia com a vida de Alfredo. Era tão igual que ele se sentia o próprio Milton Nascimento dizendo: "certas canções que ouço cabem tão dentro de mim que perguntar carece: como não fui eu que fiz?” O tempo não parava, como dizia Cazuza, na voz do cantor da noite, e a angústia no peito de Alfredo já não era pela dor-de-cotovelo, pelo amor rejeitado, pelo desprezo de Alice. Ele sofria porque parecia que a sua vida estava na boca do mundo. Se aquele cara sabia de tudo, e estava cantando sua história em todas as versões possíveis, não podia esconder nada. O cúmulo foi Lulu Santos: “eu gosto tanto de você, que até prefiro esconder; deixo assim ficar subentendido como uma idéia que existe na cabeça e não tem a menor pretensão de acontecer.” Alfredo se levantou num pulo, o quibe caiu e o cantor também, com o murro que recebeu. Ele tem tinha bebido, mas gritava como um louco: Se era pra ficar subentendido, por que você está aí cantando? O que ganho e o que perco, ninguém precisa saber! Soundtrack: "Apenas mais uma de amor" - (Lulu Santos) - Mas com Allan do amor, e no Vesúvio! |
11/03/2006
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